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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Exportação de sustentabilidade

Conhecimento para a sustentabilidade: aos peritos ambientais da América Latina, a Inwent e a Universidade de Lüneburg oferecem uma capacitação que une a teoria e a prática.

A pequena bolsa é ideal para um celular. Ela é branca, com estampado verde-rubro, parece de crochê. E é realmente – só que não é feita com a linha habitual, mas sim com um saco plástico. Limpo, cortado em tiras bem finas e então trabalhado para fazer a bolsa de celular. A ideia de produzir bolsas e chapéus a partir de sacos plásticos foi desenvolvida por Vietnam Pereira, juntamente com antigos colegas de trabalho. Daí surgiu entretanto um projeto e já existem os primeiros protótipos. Mas não deve parar por aí. O projeto das bolsas é parte de um curso de master, que Vietnam Pereira frequenta atualmente. A colombiana de 33 anos estudou Biologia em Bogotá e está na Alemanha desde outubro de 2008. Depois de trabalhar vários anos para uma iniciativa ambiental, ela queria melhorar a sua capacitação. “Na minha busca, acabei chegando à Inwent. E isto era exatamente o que eu estava procurando”, conta Vietnam Pereira.

Inwent é uma empresa que fomenta projetos internacionais de capacitação e desenvolvimento por encargo do governo federal. Em cooperação com o Centre for Sustainability Management da Universidade Leuphana, em Lüneburg, Inwent oferece um programa de capacitação no qual 20 moças e rapazes da América Latina, com boa formação profissional, podem ampliar seus conhecimentos técnicos. No fim do “Treinamento Internacional de Liderança na Gerência de Sustentabilidade”, cada um dos participantes deve obter um diploma adicional de master. Ponto central do programa é a formação em desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade, isto significa orientar os desenvolvimentos econômicos e sociais de tal forma, que eles correspondam às necessidades da sociedade de hoje, mas ao mesmo tempo não representem nenhum dano para as gerações posteriores. O programa da Inwent e da Universidade de Lüneburg inclui, ao lado de uma estada de um ano na Alemanha, aulas de idioma e a capacitação em administração social de empresa e em segurança do trabalho e da saúde. Como a teoria é aplicada na prática, isto Vietnam Pereira aprende num estágio de quatro meses. Desde abril, ela está na TransFair, em Colônia. “Aqui eu aprendo o que significa comercializar sob condições justas”, afirma. “Para mim, são muito importantes as experiências que estou obtendo no meu trabalho na TransFair e na minha estada na Alemanha. Todo dia, eu aprendo algo ­novo e posso aplicar meus conhecimentos técnicos”.

É exatamente o que Vietnam Pereira necessita na sua volta para a Colômbia. Com seu projeto de transferência, com os sacos plásticos, deverão surgir lá, sob condições sociais justas, bolsas e chapéus, cintos e pulseiras. “Os sacos plásticos, que se recebe gratuitamente na Colômbia em todo supermercado, são um grande problema”, afirma Vietnam Pereira. “Depois das compras, eles são jogados no lixo, quase sem terem sido usados”. Um outro problema colombiano é a pobreza nas favelas de Bogotá. Vietnam Pereira planeja fazer algo contra os dois problemas. Assim, as bolsas de sacos plásticos deverão ser produzidas pelas mulheres desamparadas exatamente nessas favelas. “As mulheres receberão de mim a ideia, o conhecimento e a ajuda, a fim de que possam unir-se numa cooperativa”, esclarece. “E, então, deverão trabalhar de forma autônoma. O lucro de venda deve beneficiar exclusivamente as mulheres”.

As bolsas de Vietnam Pereira não são o único projeto de transferência, que surge durante um curso de master. Cada um dos vinte participantes desenvolve uma ideia própria, que deverá depois ser posta em prática no respectivo país de origem. Paulo Camargo, de 28 anos, estudou Biologia em São Paulo. “A Alemanha é um modelo nas questões de meio ambiente e sustentabilidade. Aqui eu aprendo os padrões internacionais, por exemplo, na segurança do trabalho”. Sua projeto de transferência denomina-se “Rádio Ecowelle”. Em cooperação com uma emissora local de rádio em São Paulo, deverão ser transmitidos regularmente curtos spots que tratam do trânsito na cidade, da reciclagem do lixo ou da poluição dos rios. “Meu objetivo é chamar a atenção das pessoas para o fato de que todos são corresponsáveis”. Pois, apesar da reciclagem do lixo e da ampla rede viária, os brasileiros dão pouca atenção ao seu meio ambiente.

Bolsas de sacos plásticos ou um programa de rádio para alertar – Karen Pacheco, da Inwent, sabe que nem sempre é muito fácil implementar os projetos de transferência nos países de origem dos participantes. Ela orienta os participantes durante a sua estada na Alemanha. “Nossos formandos fazem trabalho pioneiro. Após seu retorno, eles têm de convencer seus colegas de trabalho de que a sustentabilidade é importante”. Ao lado das experiências técnicas, que Vietnam Pereira e Paulo Camargo obtêm na Alemanha, são principalmente os contatos estabelecidos aqui, que deverão ajudá-los no trabalho em seus países. “Nós, os participantes, vamos cooperar através das fronteiras e continuar desenvolvendo as nossas ideias, afirma Paulo Camargo. E Vietnam Pereira acrescenta: “Se o contato com as empresas em que fazemos estágio continuar de forma tão intensa e os nossos projetos tiverem êxito, então avançaremos um bom pedaço”.


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