
fonte: Tribuna do Norte - 03.09.2011
Rio Grande do Norte - Implantar ações sustentáveis em um empreendimento não é nada fácil e requer investimento considerável. Imagine então desenvolver um condomínio autossustentável que, dentre outras ações, reutiliza água servida e garrafas plásticas para a construção civil! É isso que ocorre em um empreendimento que está sendo construído próximo ao Lago Azul, no município de Nísia Floresta, na Grande Natal. Toda a água que será utilizada no condomínio - ainda está em construção e deve ficar pronto apenas em julho de 2012 - é proveniente de um poço subterrâneo.
Como na região não há ligação de esgoto, após ser utilizada, ela vai para uma estação de tratamento, que está sendo construída dentro do próprio empreendimento. Lá, ela é tratada e volta para as torneiras dos moradores, onde poderá ser usada para lavar carros, calçadas e na descarga de sanitários. Devido à grande quantidade de áreas permeáveis dentro do condomínio, depois de usada pela segunda vez, a água é absorvida pelo solo e alimenta os mananciais.
Além da água, o condomínio pretende economizar também energia, diminuindo os desperdícios com iluminação externa. Isso, porque todos os postes terão placas fotovoltaicas, alimentadas pela luz do sol. E não é só: terão também lâmpadas de LED (que economizam energia) e sensor de presença, só sendo ligadas quando há alguém passando pelo local no momento. Outro ponto importante do condomínio autossustentável é a utilização de garrafas plásticas no lugar de tijolos. A opção é mais barata (as garrafas são conseguidas gratuitamente em restaurantes) e resistente, tendo maior durabilidade que a construída de maneira "convencional".
"Usamos essa opção na infraestrutura do condomínio, mas os moradores também vão poder usá-las para construir suas casas. São necessárias cerca de 5 mil garrafas para uma casa inteira", afirmou Clésio Breseghello, sócio-diretor do empreendimento. Além disso, como não haverá a utilização de asfalto nas ruas dentro do condomínio, alagamentos estão descartados. Uma regra interna do empreendimento também proíbe o corte de árvores nativas - muitas delas, frutíferas - e obriga uma distância maior de construção das casas e da pista, facilitando a circulação do ar e, consequentemente, economizando em energia elétrica usada em ventiladores e condicionadores de ar.
O condomínio autossustentável, porém, ainda representa um investimento consideravelmente maior do que os demais da região - onde outros sete estão sendo construídos. Um lote nele custa em torno de 25% a mais que os outros. O preço é consequência do valor das tecnologias utilizadas e no tempo da construção: cerca de R$ 3,3 milhões em dois anos de obra - em média, se investe R$ 1,5 milhão na construção de um condomínio, que demora cerca de um ano para ficar pronto.
"Apesar disso, essas ações sustentáveis são revertidas na economia com taxas de condomínio. Nesse empreendimento, gasta-se menos energia e menos água, por exemplo", explica Breseghello. Além disso, segundo ele, o condomínio vai ter diversas ações que ajudarão no abatimento e na manutenção da sustentabilidade do empreendimento. "As podas das árvores, por exemplo, serão todas responsabilidade do condomínio e os galhos cortados vão ser transformados em mudas, posteriormente vendidas. O dinheiro resultante é reinvestido na manutenção dos jardins, cortando gastos".
Por isso, segundo Breseghello, apesar de ainda não existir uma "procura" por empreendimentos como os dele, há sim uma aceitação muito grande. "Para se ter uma ideia, ainda não começamos uma campanha forte de divulgação e já vendemos mais de 50% dos lotes. Ao verem a proposta do condomínio, as pessoas consideram sim, como muito importante esse contato com a natureza e a preservação ambiental que o empreendimento se propõe a fazer", afirmou o empreendedor.
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